sábado, 25 de maio de 2013

Nasci e vivi no morro. Do morro só saí pra procurar trabalho. Não que não houvesse trabalho lá, mas não era o tipo de trabalho que me agradava. Fiquei tentado a aceitar dinheiro aparentemente fácil? Claro, sou humano. Mas tenho princípios, recebi uma boa educação e jamais trairia a fé depositada em mim pelos meus avós e meus pais.

Se foi fácil aqui em baixo? Não, não foi. Mas não foi pra mim como não é pra um monte de gente. Mas eu sou lutador; aprendi cedo que na vida é preciso lutar pra conseguir o que se quer. E eu não tenho medo da luta. E quando entro, é pra ganhar... ou no mínimo empatar.

Minha casa no morro: dois quartinhos e uma minúscula cozinha. O banheiro? Não há. Dividimos o de meus avós que têm sua casinha grudada na nossa. Sim, grudada. A parede de meu quarto é a mesma parede da cozinha de vovó.

Mas a vista ao colocar a cara pra fora da janelinha de meu quarto! Poucos, mas pouquíssimos mortais têm. Cidade Maravilhosa! Imensidão de telhados... bem lá embaixo... imensidão do mar... até onde meus olhos de menino conseguem enxergar.

Cresci sim, mas mantenho os olhos de menino, a curiosidade de menino... acho que vou morrer menino. Lá em cima, eu me sinto um rei. Acho que é assim que reis se sentem: com o mundo a seus pés.

Mas isso é só de mentirinha. Não quero ninguém a meus pés, quero igualdade, quero paz pro meu mundo... e pra o de todo o mundo. Sou pela total solidariedade. Sou da paz.

No turbilhão de ideias que tomam todos os espaços da minha cabeça, surgiu a ideia de escrever.

Mas confesso uma coisa: escrever não é fácil. As ideias vêm aos turbilhões mesmo, mas como organizá-las e colocar em forma de palavras numa folha de papel ou na tela do computador?

Já li centenas de livros. Meu avô e meu pai já devem ter lido milhares. Foi deles que herdei o gosto pela leitura. Nas noites quentes de verão, ficava horas ouvindo os dois debatendo, conversando, comentando sobre um livro ou outro. Autores nacionais, estrangeiros... antigos, atuais... os clássicos. Acho que eles já leram quase tudo o que foi escrito. E eu... eu ainda tenho muito caminho pela frente.

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