domingo, 16 de junho de 2013

Conheço muita gente que luta pela vida. Luta por uma vida digna. A primeira Maria que marcou minha vida foi minha bisavó materna: Maria Guilhermina. Quando ela chegou à nossa costa, foi batizada à força com esse nome aí... ficou conhecida como bisa Mina.... Maria simplesmente despareceu... ela quase que se esqueceu de que havia recebido esse nome tão bonito. O nome da virgem Maria.

Quando ela conseguiu alforria, manteve o sobrenome do seu senhor: Maria Guilhermina Nunes de Barros... e toda a sua história passada se resumia a isto: uma época distante, na longínqua África, uma viagem em um navio negreiro, uma chegada às costas brasileiras... uma vida dura nas plantações de café e, enfim, uma carta de alforria.

Mas, isso, lamentavelmente, não aconteceu apenas com  minha bisavó. Ao chegarem à nossa costa, os escravos eram, na maior parte batizados à força, não importando a fé que professavam. Além disso não falavam português, o que dificultava em relação aos nomes. Em virtude de tudo isso passavam a se chamar: Rodrigo, Felicidade, Julio, Miguel, Guilhermina, como minha bisa. Não há indicações de que um nome de família tenha sido então atribuído.

Então, de maneira bem geral, negros africanos, que  foram trazidos ao Brasil como escravos, e dos quais há tantos descendente, foram obrigados a deixar para trás seu passado, seu nome e a identificação de sua origem tribal.

Aqui foram batizados com um nome cristão e os sobrenomes que  lhes eram atribuídos muitas vezes eram os mesmos de seus senhores. Quando isso não ocorria, os senhores lhes davam sobrenomes de origem religiosa, como Batista, de Jesus, do Espírito Santo.

Minha bisinha, que Deus a tenha, foi a primeira Maria que deixou marcas indeléveis em mim.

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